sábado, 14 de junho de 2014

PROSERPIDA E O SENHOR DOS MORTOS

 

A deusa da primavera

Dançava feliz nos campos,

Cercada de lindas ninfas,

Sátiros, rosas, crisântemos.

Foi quando o chão se abriu

E do inferno ele subiu

Pra fechar a fenda do Tártaro,

E o cupido, numa aposta

Com a deusa da beleza,

Acertou a flecha em cheio

No peito da realeza

Do sombrio mundo dos mortos!

E ao olhar a bela jovem,

Cheia de vida e pureza,

Uma idéia então lhe veio.

O rápto de Prosérpida

Foi notícia em todo Olimpo

Procurada por céus e mares,

Em cavernas, labirintos...

Sua dedicada mãe,

A deusa da colheita,

Descuidou de seu trabalho,

Deixou o mundo abandonado,

E o que era fértil morreu,

Foi ficando congelado !

E a angustia desta mãe,

Transformou-se em suspeita

E a suspeita em certeza.

Presa no inferno quente

Estaria sua menina,

Escondendo sua beleza,

Torturada pôr um demente,

Nos vapores fétidos submersa.

E ela nem sequer podia

No outro mundo se alimentar

Pois ao comer no inferno,

Seria obrigada a ficar!

E foi para Zeus a surpresa

Ao chegar para o resgate,

Que o deus dos mortos, que beleza!

Libertava das cadeias,

Diminuia os castigos,

Esquecia de punir,

Tudo pôr causa da flecha

Do cupido a lhe atingir,

E ao perguntar a jovem dama

Se ela desejava então partir,

Mordendo metade do pão,

Ela olhou apaixonada

Para o deus do submundo

E disse : agora não...

E assim ficou combinado

Que metade do ano seria

De cultivo e plantação

E a outra metade ,gelada ,

Seria tempo de perdão.

E as almas condenadas

Esperam até hoje

O tempo da semente,

Que enterrada nas profundezas,

Não alegra a viva gente,

Mas é muito esperada

Pelas almas torturadas

Que choram desesperadas,

Que buscam um alívio

Quando chega a primavera,

Pois sabem que penarão

Meio ano de espera.

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