A deusa da primavera
Dançava feliz nos campos,
Cercada de lindas ninfas,
Sátiros, rosas, crisântemos.
Foi quando o chão se abriu
E do inferno ele subiu
Pra fechar a fenda do Tártaro,
E o cupido, numa aposta
Com a deusa da beleza,
Acertou a flecha em cheio
No peito da realeza
Do sombrio mundo dos mortos!
E ao olhar a bela jovem,
Cheia de vida e pureza,
Uma idéia então lhe veio.
O rápto de Prosérpida
Foi notícia em todo Olimpo
Procurada por céus e mares,
Em cavernas, labirintos...
Sua dedicada mãe,
A deusa da colheita,
Descuidou de seu trabalho,
Deixou o mundo abandonado,
E o que era fértil morreu,
Foi ficando congelado !
E a angustia desta mãe,
Transformou-se em suspeita
E a suspeita em certeza.
Presa no inferno quente
Estaria sua menina,
Escondendo sua beleza,
Torturada pôr um demente,
Nos vapores fétidos submersa.
E ela nem sequer podia
No outro mundo se alimentar
Pois ao comer no inferno,
Seria obrigada a ficar!
E foi para Zeus a surpresa
Ao chegar para o resgate,
Que o deus dos mortos, que beleza!
Libertava das cadeias,
Diminuia os castigos,
Esquecia de punir,
Tudo pôr causa da flecha
Do cupido a lhe atingir,
E ao perguntar a jovem dama
Se ela desejava então partir,
Mordendo metade do pão,
Ela olhou apaixonada
Para o deus do submundo
E disse : agora não...
E assim ficou combinado
Que metade do ano seria
De cultivo e plantação
E a outra metade ,gelada ,
Seria tempo de perdão.
E as almas condenadas
Esperam até hoje
O tempo da semente,
Que enterrada nas profundezas,
Não alegra a viva gente,
Mas é muito esperada
Pelas almas torturadas
Que choram desesperadas,
Que buscam um alívio
Quando chega a primavera,
Pois sabem que penarão
Meio ano de espera.
Parabéns, professora. Me impressiona sua sensibilidade.
ResponderExcluirJoaquim
Obrigada!
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